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Rogério Madrid

27.06.2016 - Fonte: Seguro Gaúcho

Quem disse que seguros não combina com literatura? O corretor Rogério Madrid prova que esse relacionamento é bom. Natural de Três Passos, hoje ele mora em Canoas e atua como corretor pessoa física. "Oficialmente sou corretor há 11 anos, mas estou no mercado há 14 anos", conta. Madrid é formado em administração de empresas pela Universidade Federal de Santa Maria. Depois de trabalhar por 12 anos na Shell e um período como autônomo, ele chegou ao mercado de seguros quando sua ex-esposa estava grávida do seu segundo filho. "Eu estava desempregado e vi um anúncio de seguros e fui lá ver o que era", recorda. Foi, viu e se apaixonou. Depois de fazer o curso de corretor de seguros, Madrid passou a atuar no mercado. Ele atende a região de Canoas e Porto Alegre. Mas como a literatura entra nessa história? "Sempre gostei de escrever. Na universidade, escrevia no jornal da faculdade e também no jornal de Santa Maria", conta. Em 2006, ele começou a presentear alguns clientes com poesias em datas especiais como dia dos namorados, dia das crianças, Natal. Um dia mostrou os escritos para uma amiga que, sem que ele soubesse, o inscreveu em um concurso estadual. "Para minha surpresa fiquei em terceiro lugar e eu era o único que não era ligado diretamente a área de literatura", recorda. Mas não parou por aí. Agora, o corretor também era, oficialmente, um escritor. Madrid teve seu primeiro livro publicado em 2008: "Olhos endiabrados". Ele conta que para esse livro foram publicados 500 exemplares. Todos vendidos. "Teve uma boa aceitação e achei que pararia por aí", diz. Madrid diz gostar de ler. "Acho que o grande hobby de qualquer escritor é a leitura. Sem ler você não consegue escrever. Se não estou lendo, estou no cinema", diz. Ele conta que não gosta de romances longos e prefere contos e poesias. "Erico Veríssimo é nosso grande escritor gaúcho, mas também gosto de Moacyr Scliar e Machado de Assis. Gosto de literatura rápida e curta, por isso gosto de contos e poesias", destaca. Bom, o que era um hobby na universidade foi ganhando proporções. "Assim como seguro, literatura também é uma cachaça. Depois que você entra, não quer parar mais", compara. Para melhorar seu estilo, Madrid começou a estudar e, em 201,2 saiu o segundo livro chamado "Ebulição". Publicado por outra editora, ele conta que foi um livro mais acabado que recebeu mais estudo. "Foram 1.200 exemplares publicados e até agora 750 livros vendidos", diz. Depois de ouvir seu consultor editorial, Paulo Tedesco, o corretor-escritor decidiu aceitar um novo desafio: contos. Ele revela que em 2014 Tedesco sugeriu que ele fizesse um livro de contos. "Comecei a trabalhar e agora em 2016 estamos lançando "Gravata all star", um livro de contos", conta. Métodos Se como corretor de seguros Madrid estuda e procura sempre estar atualizado, em literatura ele conta que apesar de considerar importante, seus aprendizados são por conta própria. "Fazer oficina é importante porque ensina a técnica, mas acho que talvez tire a criatividade. É uma dúvida que tenho ate hoje. Meu consultor quer que eu faça", afirma. Ele conta que a inspiração para os contos que estão no livro vieram do dia a dia e também do mercado de seguros. "São 15 histórias de ficção, mas do nosso dia a dia. Quando você convive com os clientes e colegas, alguns factoides acabam se formando", revela. Madrid diz que todos os contos têm uma críitica social: falam de menor abandonado, da política interligada com o tráfico de drogas. "Todos eles têm uma linha tênue que os une que é o amor". Mas e o trabalho como corretor? Atrapalha o escritor? "Sempre brinco que o escritor e o corretor são pessoas diferentes". A produção literária pode acontecer no meio do trânsito ou durante o atendimento a um cliente. "Quando você quer escrever é difícil, mas quando o escritor vem é natural então tem que deixar a mente aberta; às vezes tem que anotar durante o dia para não perder a ideia", revela. Madrid conta que a criação tem duas formas: uma é não fechar a cabeça para as coisas que acontecem ao redor e a outra é escrever com constância para começar a fluir. "Erico Veríssimo dizia que escritor é uma profissão como qualquer outra, se não trabalhar todo dia, não flui". E na corretora não é diferente. Madrid diz ter encontrado um estilo para sua corretora. Ele diz não ter uma grande carteira, mas prefere trabalhar vários produtos com o mesmo cliente. "Tenho uma clientela fiel. Trabalho também com pequenas empresas. Isso eu aprendi junto em palestras do Sincor. Seguro é bom nisso. Muita palestra, muito encontro. E você pega um pouco de cada um e até isso a literatura acaba fazendo", ensina. Madrid diz que muitos compradores dos seus livros são clientes. "Não termino uma única visita sem que meus clientes perguntem sobre meus livros", diz. Pai de Ana Carolina, 18 anos, e Henrique, 16, Madrid diz que uma de suas maiores qualidades é a determinação. "Quando gosto, como ação, corro atrás. Nenhum dos livros foi por acaso. Todos foram planejados. Acho que essa é a grande diferença entre sonho e meta. Quando você põe data ele vira meta", define. Talvez por essa característica, Madrid diz que uma das dificuldades que diz encontrar no mercado de seguros é a guerra de preços. Para ele isso acontece porque muitos corretores olham o seguro como produto de preço e não de qualidade. Em tempos de crise, ele entende que a melhor receita é estar sempre presente na vida dos clientes. "É mostrar que o seguro é muito mais que uma apólice com preço. Acho que esse é o ponto que desde que comecei tive essa preocupação. Mostrar ao cliente que sou um consultor e não um corretor de seguros", diz. O mais novo livro do corretor-escritor, "Gravata e All Star", será lançado na próxima quinta-feira (30/6), às 18h, no Café Literário da Feira do Livro de Canoas. A partir de agora, ele conta que o livro ganha uma programação de lançamento em todo o Rio Grande do Sul até 2017. "No mês de julho, ele passa a ser vendido pela internet", anuncia.

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