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Live da ANSP debate Previdência e Desigualdade Social

07.10.2020 - Fonte: Seguro Gaúcho

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A Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) realizou mais uma edição do programa Café com Seguro, em seu canal do Youtube, nesta terça-feira (06). Com a participação do coordenador da Cátedra de Previdência Complementar Fechada da ANSP, Sérgio Rangel, a atividade promoveu uma reflexão sobre o papel da previdência como instrumento de proteção social e de redistribuição de renda.

O professor das Universidades de Cambridge e de Ramon Llull (Barcelona), Flávio Comim, foi o palestrante do evento, que teve como debatedores o diretor executivo da FenaPrevi, Carlos de Paula, e o superintendente geral da ABRAPP, Devanir Silva.

Ao abordarem os aspectos que envolvem a desigualdade social no Brasil e mundo e como ela pode afetar o acesso a renda e a formação de poupança de longo prazo, foram apontados diversos entraves que dificultam a formação de poupança de longo prazo, como aspectos econômicos e culturais.

Comim iniciou sua explanação questionando que tipo de desigualdade dever ser observada, pois para ele a desigualdade pode ser de recursos, direitos, bens primários, capacitações. “As análises feitas consideram em sua maioria apenas a disparidade de renda, mas é preciso observar que existem pessoas com o mesmo padrão de renda, que estão em níveis educacionais diferentes. E isso possibilitará a elas realizações diferentes e significativas em suas vidas”.

O palestrante citou uma obra de história econômica para justificar sua análise de como a desigualdade vem sendo formada nos últimos séculos em todo o mundo. Já em relação ao Brasil, ele mostrou-se preocupado com questões ligadas a educação e ao capital humano: “mesmo nas melhores escolas do país, que possuem tecnologia avançada e cobram mensalidades elevadas, não é atingido o nível de excelência. Muita coisa dentro processo educacional brasileiro vai mal”.

Ao projetar o futuro, Comim referiu-se a quarta revolução industrial, enfatizando que ela deverá afetar muitas relações de trabalho e de renda. De acordo com o professor, algumas previsões indicam que a inteligência artificial poderá provocar em 15 anos uma redução de até 47% dos trabalhos humanos. “Isso é preocupante, pois causará o aumento das desigualdades. Para evitar isso será necessário criar alternativas que apontem para um caminho de uma renda universal básica, que é o caminho que as pessoas estão vendo. O problema é que essa solução é bastante complexa, pois deverá funcionar mediante a taxação de máquinas e softwares”.

O mediador do vento mostrou-se atento a questões que envolvem a substituição do trabalho humano pelas máquinas criadas devido a inteligência artificial. “No Brasil nossa previdência foi sempre muito voltada para a relação de emprego, mas essa alteração vai afetar profundamente nosso futuro e a forma de atuar. O país ainda apresenta uma desigualdade perversa e que está relacionada a longevidade. Quem nasce com as melhores condições sócio econômicas, tendo acesso a bons planos de saúde e alimentação equilibrada, possui uma expectativa de vida bem maior que aqueles que nascem nas periferias e locais mais pobres”.

Carlos de Paula observou que a sociedade está caminhando para um cenário bastante preocupante em que a injustiça social é preponderante. No âmbito da previdência ele disse que é preciso que aconteça o desenvolvimento de planos coletivos para que ocorra o fortalecimento da consciência previdenciária. “Cerca de 90% dos planos de previdência são individuais, isso precisa ser alterado já que existe um número muito grande de pequenas empresas. Os seguros de pessoas são forte instrumento de proteção social”, afirmou o diretor executivo da FenaPrevi.

Vislumbrando alavancar os seguros de pessoas como forma de resguardar famílias e evitar futuros problemas econômicos devido a mortalidade, Sérgio Rangel disse que é necessário o aprimoramento da abordagem com a sociedade. “Não adianta apenas nós termos os produtos adequados. Precisamos fazer com que o público em potencial compreenda o valor dos benefícios”.

O superintendente geral da ABRAPP, Devanir Silva, perguntou ao palestrante se a revolução tecnológica poderá acelerar a geração de riqueza mantida nas mãos de poucos. “Existe sim uma concentração de riqueza e ainda veremos vários protestos de rua em relação a isso. O mundo está passando por um período de transformação, em que profissões serão criadas enquanto que várias atividades antigas desaparecerão. Entretanto, em nível de Brasil estamos nos adaptando pouco em relação ao novo momento, já que nosso país ainda não resolveu questões de ordem orçamental, fiscal e de pacto público. Têm países que equacionaram essas problemáticas após a segunda guerra mundial”,.

Também participaram da live o presidente da ANSP, João Marcelo dos Santos, e o diretor de Fóruns Acadêmicos da entidade, Edmur de Almeida, que conduziram a abertura e o encerramento do evento.

 

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